domingo, 26 de julho de 2015

O conto do contador de histórias

Um dia encontrei este velho senhor. Ele estava sentado na calçada, muito cabisbaixo, ninguém reparava. Sentei-me ao seu lado, perguntei o que ocorria, ao que ele respondeu que haviam lhe roubado. Muito preocupado, olhei para os lados, não vi sinal de policial, de familiar, não tinha sinal de que ele havia resistido, nem mesmo de que ele havia reclamado a ninguém.
Perguntei-lhe preocupado se estava tudo bem, ele já um pouco irritado respondeu que haviam lhe roubado. Roubaram daquele velho senhor o banco, seu púlpito de orador. Ele começou aos poucos se acalmar, vendo que eu não levantava para ir embora, nem o deixava sozinho.
Contou-me então, que há muito tempo atrás, no alto do verão, quando ainda era um jovem rapaz gostava de ler histórias e livros, uma vez que seu pai era capataz na fazenda do já falecido Thomáz. Ele lia muitos livros, pois seu pai queria um filho doutor e fazia de tudo para possibilitar que seu filho não sofresse com trabalhos pesados. Então, o jovem rapaz estudou, com ardor, para realizar o sonho do seu pai. Quando terminou a faculdade, tratando dos cidadãos da cidade onde nasceu, descobriu que como doutor não evitaria que seus entes queridos morressem, procurou então um jeito de eternizá-los.
Um dia ao sair do consultório viu crianças brincando próximos ao banco da praça central, era um pequeno vilarejo, por isso todos o conheciam. Ele sentou no banco da praça e ali ficou, assistindo as crianças brincarem. Sentou-se ao seu lado uma senhora que lhe contou uma história, sobre seus entes queridos, e como eles haviam partido. O jovem rapaz só então reparou, aí estava o modo de eternizar aqueles que ele sempre amou. Nascia aí um jovem amante de histórias e um grande contador. Todos os dias ele dirigia-se ao banco, e quando alguém se sentava ao seu lado, ele começava a contar histórias, as vezes enrolava com alguma coisa nova, mas sempre eram as mesmas histórias.
Hoje a cidade havia crescido, ele havia amadurecido e seu banco se foi. Quando ele terminou o conto, percebi, ele envelheceu junto com seu banco, amadureceu junto com sua cidade, mas ainda não acostumara-se a perder as coisas, e ao ver que seu banco não estava ali entristeceu-se e sentou na calçada. Mas quando alguém parou e para ouvir lhe contar a sua última história, decidiu que era hora de partir. Não me disse pra onde iria, mas sei que a muitos ele alegrou com suas fabulosas histórias. Assim, fico me perguntando pra onde irá aquele contador?
Boa noite, pessoal, uma ótima noite de domingo, que vocês fiquem felizes e tenham uma ótima semana. Leiam livros, eles te deixam ricos mesmo sem um centavo no bolso.

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