quarta-feira, 8 de abril de 2015

Texto pro vô

Vida passageiraSó me resta estar aqui. Os anos se passam. E vejo o quanto aprendi.

Hoje é um triste dia, ouvindo a música Radinho, e pensando, pensando na vida, e em tudo aquilo que eu pude desfrutar até o momento. Perdi-me nos pensamentos, em algum lugar fiquei perdido. Não conseguia encontrar onde me perdi, passei o dia imerso. Estou triste agora, estive triste o dia todo. Não consigo comer, não sei como reagir.
To rondando a tristeza que me toma, para não demonstrar ainda, sei que deveria estar remoendo, chorando, morrendo, meu avô morreu, mas o que vou fazer, meu pai é velho, imagine o meu avô. O amei sempre à distância, mesmo que ele pouco lembrasse de mim. Teve uma época que eu ia na igreja só pra ver ele lá, bem, louvando à sua crença, como era bom ver meu velhinho lá, feliz e faceiro. Ele ficou velhinho demais, e todos os filhos deixando-o ficar em casa, será que não sabem o que isso causa?
Mas o velhinho continuava ali, bem, fazendo as suas coisas da sua maneira. Não importava o que lhe dissessem, era teimoso, já passava dos 90, então, ele fazia. Assim aconteceu tudo que aconteceu com nosso velhinho, meu avô, pai de meu pai:


Na quinta-feira, dia 19 de março de 2015, meu avô sofreu uma queda, causando uma fratura no fêmur. Ao verificarem as possibilidades de internação, foi informado aos familiares que em alguns hospitais não estavam com disponibilidade para traumato, razão pela qual se optou pelo Hospital de Misericórdia de Viamão, que é mantido pelo Instituto de Cardiologia de Porto Alegre.
Até então tudo okay com a saúde do meu avô. O médico fez os exames necessários para conduzir à cirurgia, e quando foi requerer a autorização ao IPÊ, preencheu a documentação de forma errada. Retornou-se ao hospital para a correção da documentação, voltou-se ao IPÊ e foi concedida a autorização para o procedimento cirúrgico. Quando, com a explicação de que era um procedimento de risco, o médico resolveu alterar o procedimento, cancelando a cirurgia do meu avô. Atente que meu avô é atendido por convênio. Mas então, a família já com a esperança de realizar a cirurgia e retirar o vô de lá, aceitou a informação.
Primeiro, momento superado, meu avô permaneceu hospitalizado, sem poder realizar qualquer movimento, devido à fratura, com parentes cuidando-o, ajudando nos procedimentos necessários, com visitas de enfermeiros apenas em momentos que solicitados, o que é esperado do SUS e não de um convênio. Ocorre que durante sua estada no hospital, o vô foi acometido de uma infecção, de origem estranha, pois até o momento nada havia sido constatado. Ou seja, por irresponsabilidade da equipe médica, meu avô que foi hospitalizado contraiu uma infecção que o debilitou, além desta infecção, ele ainda contraiui uma pneumonia, provavelmente por um resfriado não bem curado, mas que não se manifestava claramente. Ocorre que por esses problemas e a falta de movimentação, surgiu água no pulmão do vô, e com problemas respiratórios teve de ser entubado. Nesta manhã do dia 29 de março, meu avô permanecia em observação com equipamentos auxiliando a respiração, quando um médico inventa de dizer que ele não tinha muitas esperanças. Colocou a família já em luto, pois todos desacreditaram em uma recuperação. Assim, fui tentar ver o vô ainda em vida, porém ao chegar ao hospital meu tio saía da visita, informando que houve uma melhora significativa e tinham retirado parte do aparelho.
O médico sumiu depois da troca de procedimento, não se conseguiu mais falar com ele. Portanto, ao terminar de receber as notícias do meu tio que é leigo, e nada entende de medicina, procurei o balcão, onde fui informado de que o médico havia sido chamado com urgência para atender uma paciente que chegou com uma parada cardio-respiratória, e só sairia do atendimento mais tarde. Dei uma passada em outra recepção e disseram que o médico tinha dedicação exclusiva para os pacientes lá na emergência. Assim, não me parece esclarecido como o médico some no expediente enquanto pacientes sofrem e os enfermeiros passam informações desencontradas. A notícia é animadora, agora às 20:30 meu primo esteve com meu avô, e disse que ele teve uma melhora, amanhã pela manhã vão suspender os medicamentos cedativos, e irão tentar remover o oxigênio para ver como está a respiração dele. Esperamos a melhora e o retorno para o quarto, o seguimento com o tratamento da infecção e então a cirurgia para resolver o problema da fratura. Meu avô vai sair dessa com certeza.



E hoje só posso dizer: Vô, tu fostes o guerreiro que foi à Itália e voltou, não importa o que me digam, eu nunca vou deixar de me orgulhar. Tu criou 11 filhos, cada um tirou algo do senhor, seja característica boa, ou ruim, nenhum deles deixou nunca de batalhar por suas famílias. Então prometo que tudo que observei de bom em você pra sempre irei levar, aquilo que não foi bom, também irei lembrar, mas procurarei me inspirar sempre no que há de bom em você.

Te amo! Parta agora, vá em paz! Se for com anjos, seja feliz, aproveite o que existir de bom por lá! Se for com a vó Blanca, você vai poder continuar a amá-la, pois acho que era isso que o senhor estava à esperar.
Beijo do seu Neto: Eduardo Rodrigues.

domingo, 5 de abril de 2015

Bukowski e eu na mesa do bar!

Então você passa o domingo inteiro pensativo, nada passa, já não passa nada. Então você percebe o quanto seus amigos tornaram-se reclamões. Percebe ainda mais, tu era um reclamão, chato pra caramba. Então me sinto um Bukowski, porque pelo menos eu era um chato interessante, como ele.
Bebia, não saia  pra festas, não tinha muitos amigos, sentava na mesa do bar e conversava com alguém que nem conhecia, mas não fazia reclamações desses conhecidos do bar, não tinha amigos de quem reclamar. Reclamava de amores não correspondidos, mas fazia isso de maneira sóbria, sempre comedido. Nada de explicitar demais. Então agora vejo meus poucos amigos irem para internet publicar: "Não dá pra confiar em ninguém", sinceramente, obrigado por me incluir neste ninguém, só assim, já sei que não devo me propor a te ajudar. Mesmo assim vai o autor do texto comentar, olha se te faz mal larga de mão, senão, ignora e bola pra frente. Chamo no privado, converso um pouco porque estou preocupado, mas no fim da conversa sou chamado de tarado, e isso me deixa frustrado. Fui carente sim, mas isso há algum tempo atrás, atualmente não sou mais. Então foda-se, quer pensar o que quiser, o problema não é meu, afaste-se de mim, assim acaba e deu.